Conceber uma paisagem é compor um mundo, desvelar a sua imagem, aquela de uma geografia íntima cujo contorno inacabado conduz aos nossos mundos internos e ao que concretamente nos envolve. Uma paisagem que é sempre autorreferente porque não existe fora de nós e nós não existimos fora dela.
A exposição ser, paisagem apresenta trabalhos dos artistas Chico Amaral, Gê Orthof, Karina Dias e Regina de Paula, que abordam a relação entre a paisagem e o sujeito, ampliando o caráter tradicional da noção de paisagem. ser, paisagem aponta para maneiras de habitar poeticamente o mundo: o corpo como paisagem, a paisagem fazendo-se corpo, estabelecendo uma cartografia de afetos que conduz a reflexões sobre o lugar e o espaço que habitamos.
Além disso, ser, paisagem mostra artistas da paisagem desapegados da figuração plástica do “modelo-tela”, fazendo largo uso dos recursos tecnológicos audiovisuais e propondo aos contempladores uma imersão rumo a uma nova gramática visual e conceitual da noção de paisagem.
Aqui a paisagem é um ponto de vista encarnado em um corpo que habita um espaço. Nunca estamos somente diante de uma paisagem. Somos paisagem porque essa é a morada do íntimo, a crônica íntima de um olhar que olha para fora, mas sobretudo para dentro…. ao invés de ver, inver…ser, paisagem.

Karina Dias e Graça Ramos
Curadoras

Este projeto foi contemplado pela Funarte no Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012 – Atos Visuais Funarte Brasília – Galeria e Marquise